quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia de relembrar...


Oi meus queridos,

Amanhã, 02 de novembro, é dia de relembrar “oficialmente” dos nossos mortos.
Coisa estranha, ter um dia oficial para lembrar quem amamos e se foi para outro plano!
Pessoalmente, não acredito na morte. Considero-a uma viagem onde, os que se vão, nos aguardam em um outro plano do universo. Talvez mais de um, sei lá, mas não aqui, ao alcance dos nossos olhos, abraços, embaraços, brigas, reconciliações, encontros e desencontros.
Acredito do fundo do coração que isso aqui não é tudo. Não é o definitivo, o ponto final.
Acredito nesta vida como escola, onde estamos para aprender ensinar, dar e receber, amar, fazer o bem (e às vezes o mal) acredito que como diamantes brutos, viemos para burilar nosso espírito, melhorar nossa sabedoria, construir um mundo mais justo e melhor (embora não seja o que está acontecendo!).
Acredito que o Mestre Maior deva andar triste e aborrecido com o comportamento da maioria da sua “criação”!
Não acredito na morte, nem na vida eterna. Acredito na justiça Divina. No livre arbítrio, na Lei do Karma, acredito no perdão e no AMOR VERDADEIRO!
Acho lindo como os orientais homenageiam seus mortos com flores, incenso, cânticos, a comida preferida, a reunião familiar para lembrar os bons momentos que passaram enquanto juntos.
Acredito neste amor sem fronteiras.
Respeito como os verdadeiros cristãos reverenciam seus mortos crendo que no momento certo se reunirão à eles conforme o merecimento pessoal de cada um para esse reencontro.
Respeito, mas, tenho outra maneira de ver e sentir a morte. Para mim, ela é uma viagem. Aqui é só uma passagem, temporária, de aprendizado e burilamento.   
Logo, se o Pai me abençoar, abraçarei meus queridos que já se foram, depois da missão cumprida. Pedirei perdão pelos erros que cometi por motivos mais diversos e creio, serei perdoada! Confessarei meu amor e saudade, acarinharei como jamais fiz, a cada um, e juntos festejaremos a nova vida!
Meus mortos, que pra mim jamais o foram, pois só me aguardam num lugar bem mais distante, vivem em mim a cada dia. Meu pai, que amo loucamente, minha mãe, ídolo e exemplo, meu irmão Alê (que se foi brigado comigo) meu Moleque Gonzaguinha, muitos amigos, meus avós, enfim, todos que me foram e continuam importantes, não precisam de minha parte, uma visita ao cemitério (onde há muito nem seus ossos já estão!) nem de ritos específicos para homenageá-los. Eles habitam lugares sagrados e secretos no meu coração, onde não faltam flores, nem preces, nem lembranças, nem saudades!
Dói menos quando não nos apartamos dos nossos amores verdadeiros! Para vocês meus amados, mil beijos.
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Para Ivani, minha mãe, a mulher mais elegante, inteligente, irreverente e linda que já conheci.


Ivani

Minha mãe, que foi embora já faz tempo,
Tinha coisas que não dá prá descrever...
Tinha o sorriso claro do raiar do dia,
As unhas longas, em mãos bem tratadas
De fada madrinha,
E cantava como ninguém a Ave Maria...
Embora já não fosse uma menina,
Nenhuma que eu conheça a ela se compara,
Pois havia no gesto, no seu dia a dia,
A vitalidade, a euforia,
A vontade de viver cada vez mais...
Foram poucos seus anos neste mundo,
Foi fugaz como o arco-íris sua estadia entre nós...
Mas, ela deixou coisas, palavras,
Uma alegria, que me parece até, que ela foi ali,
E volta já...
Minha mãe... Como era linda...
Tinha nos olhos, o verde estranho do musgo da beira do caminho,
Na boca molhada, a cor do jambo, preferido dos passarinhos,
E uma magreza atlética, poética,
Maravilhosa!
Não sei por que, porém, aqui comigo,
Guardo a impressão de que ela foi pro céu,
(e não queria...)
São Pedro deve ter dito em júbilo:
“Entra Ivani, até que enfim...
Pensei que tivesse que tomar sozinho a caipirinha...”
(ao que ela deve ter respondido gozadora:)
“E tem mesmo Pedroca. Já esqueceu que eu sou mais pela purinha...?”
...Minha mãe...
Saudade... saudade de você...
Isso diz tudo?

Beijos,
Tania Pinheiro.

4 comentários:

P.S.L. disse...

Oi Tania, como você está?

A verdade é que não faz muito que voltei a blogar, tava ocupado com o relatório de conclusão do curso.

Nossa, o seu comentário foi uma das coisas mais bonitas e inspiradoras que já li. As vezes penso que não sou tão importante a ponto de alguém achar tudo aquilo de mim. Mas aí vem um surpresa e pimba. Eu nuca achei que você pudesse me ler, sabe?

Olha só, me inspirei muito com seu comentário, mas não sou velho, nem pedófilo, nem sociólogo...

Adorei sua entrevista no programa Mulheres da TV Gazeta, te achei uma pessoa pra admirar. Fico muito feliz com sua presença no meu cafofo. Tenho uma amiga cuja mãe faleceu esse ano por causa do câncer, e minha mãe, há alguns anos precisou retirar o útero e etc pra continuar entre nós. Fora os conhecidos que a gente sabe que sofrem desse mal.

Você vai ser sempre bem vinda e seus comentários mais ainda.

Abraços (na bunda),

O Guri

PS: eu não sei se você recebeu meu email, mas por via das dúvidas quero deixa-lo aqui. :)

AFRICA EM POESIA disse...

Tânia
Minha querida
li-te atentamente aqui e no meu blog. tambem as saudades dos meus pais são infinitas mas o amor dos que me rodeiam tambem é bem forte.

O cancro esse que nos visitou tambem viu que nós somos fortes mas fez com que a vida fosse vivida de maneira bem diferente.

A vida é assim altos e baixos mas...vida bela
um beijinho no seu coração

Ivone disse...

Saudade de mãe, nossa, como é terno o amor que sentimos por nossa mãe, o dela por nós então, rompe barreiras!!!
Nem a morte física pode apagar o calor deixado por esse amor!
A minha mãe eu a sinto bem perto de mim com sua boa energia cósmica agora, isso sim é que é ter fé na vida eterna, sentir o amor além da vida e aqui bem perto, bem dentro do meu coração!
Também não vou ao cemitério, lá só se fosse para me consolar, já me consolei desde muito tempo!
Abraços amiga, seu poema ao espírito de sua mãe me comoveu!
Ivone

Carla Ceres disse...

Oi, Tânia! Também não acredito na morte. A vida é tão maior! Da vida ninguém escapa, nem mesmo a morte. Beijos!