quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Então, é Natal de novo! Vou mandar essa cartinha com os meus lindos/loucos pedidos/sonhos para ver se Noel me atende!


Oi meus queridos,

Cá estou eu no sofá da sala, parecendo um boneco de madeira, de perna dura (e gesso pesa), e miolos e coração moles!
Sempre acreditei em Papai Noel, acredito até hoje. Todos nós temos guardado num cantinho da alma solidariedade, ternura, perdão, amor e amizade sinceros, que como por milagre, se mostram mais visivelmente nesses dias!
Escrevemos cartões, lembramos amigos distantes, procuramos ajudar alguém, sorrimos mais, deixamo-nos conhecer, exteriorizamos nossa HUMANIDADE.
Eu, não sou diferente, e neste momento em especial que me sinto sozinha, triste, saudosa, semi-inútil, impotente e com uma vontade enorme de me acabar em um rio de lágrimas.
A pobre da Tatá se desdobra em mil para manter as coisas em ordem e ainda trabalhar! Jamais conseguirei agradecer a Deus a presença da minha filha em minha vida!!!
Talvez por isso, resolvi escrever ao CHEFE, Criador de tudo, e de todos, pedindo a Ele, que coloque nas listas de pedidos de presentes, alguns que por preguiça, maus hábitos, caráter duvidoso, burrice, enfim, um zilhão de defeitos idiotas que só nós os humanos (sic!) esquecemos de fazer.
Então, prepare-se Pai de amor e esperança, pois minha lista não é nada pequena!
1 Por favor, Senhor, que não falte o teto, o pão, a fé, a esperança e a caridade, a nenhum filho Seu. Que cada um de nós façamos algo para confortar e alegrar um irmão. Pode ser um presente, uma cesta básica, um abraço apertado acompanhado de um sorriso sincero, um pedido de perdão, um perdão (mesmo que não pedido a alguém que por acaso nos feriu...).
2 Que cada ser humano veja no outro o seu espelho (já que somos todos irmãos em Cristo, forjados a Sua imagem e semelhança) e tendo Nele o complemento do seu eu, aprenda a respeitar, honrar, apoiar sempre que possa, dividir a água, o pão, o vinho e a esperança; Principalmente, que entendamos que AMOR, mais do que sentido, precisa ser mostrado, ofertado com alegria, pois é ele o único sentimento que quanto mais damos, dividimos, mais cresce e harmoniza a nossa alma.
3 Que os homens acordem, percebam as barbaridades que cometem contra o planeta, a natureza, a esperança de HAVER um futuro e, por toda a inteligência e capacidade que possuem (dados por Ti Pai de misericórdia), pensem, repensem, e percebam: Se não mudarmos ONTEM, nossos maus hábitos, se continuarmos a poluir, degradar, querer cada dia mais e mais, se não educarmos nossos filhos (os traficantes adoram adotar inocentes), se não fizermos do AMOR, da ESPERANÇA, da FÉ, da CARIDADE, e principalmente o RESPEITO e CUMPRIMENTOS dos Teus mandamentos, possivelmente não teremos sequer uma nova geração.
4 Quero implorar Senhor, governantes humanos, descentes, honestos, que vejam em seus cargos uma ferramenta para fazer o melhor pela vida, para recriar o que foi destruído por insanidade, ganância, vontade de + poder, + $$, + visibilidade. Que nos lembremos de que quando viemos ao mundo, chegamos nus, e ao deixa-lo, somente a nossa mortalha cobrirá os nossos corpos. O que acumularmos em bens materiais, ficará para trás, como objeto de disputa, discórdia, ódio, cobiça e coisas do gênero.
5 Me sentiria ainda mais agradecida (e eu sou muuuito!) se os enfermos e seus familiares, se os abandonados pela sorte e pela coragem, se os órfãos de pai, mãe e amor, os encarcerados (dentro dos presídios ou de suas cegueiras), que os fracos, os sem luz, recebessem a Graça de pelo menos por minutos, olhar com consciência para dentro de si, pedissem perdão, compreendessem o arrependimento e, pelo menos, se propusessem a tentar ser mais GENTE!
6 Queria Pai Todo Poderoso, que o Senhor abençoasse e protegesse os que cuidam nossos corpos:  médicos, enfermeiros, técnicos, os maqueiros, o pessoal da copa e da segurança, os ascensoristas e vigilantes, os jovens da recepção e coleta que são os primeiros contatos com aquele ambiente aterrador que são os hospitais, sendo gentis, educados, prestativos e parceiros, bons amigos naqueles momentos de amargura.
7 Finalmente, se possível for, proteja, guarde, abençoe e ilumine meus filhos, irmãos e  irmãs de sangue e de alma, os amigos e os que se julgam inimigos, novamente os governantes (eles precisam tanto, meu Deus, de iluminação e humildade, amor ao próximo e temor a Ti), os que vagam pelo mundo, pregando o amor e a paz (não importa sob que denominação), os puros de alma, os que por ignorância não conhecem o Teu poder... Enfim, a cada vivente inclusive os animais, as florestas, as águas... tudo o que nos Presenteaste com tanta ternura e, nós, insanos, poluímos, destruímos, matamos, sem notar que escrevemos nós mesmos nosso doloroso fim...
Se der, Dê uma olhadinha nessa filha (eu), tão pobre de qualidades, quanto rica de fé e amor.
Não sei se é pedir demais, procurei fazer essa carta em sete itens (modestamente inspirada na Tua criação)!
De minha parte, só tenho a agradecer a Ti, Senhor e Eterno Mestre, aos muitos seres que me apararam, deram força, transmitiram fé, a minha filha Tainá, que foi transmutada em anjo de guarda e proteção, ao meu xerife amado, meu filho Leonardo, que é exatamente o que pedi a Ti, honrado, bom e honesto. A todos e a cada um, com quem troquei um sorriso, um abraço, um conselho... Cada amigo que me ajudou como e com quanto pôde, obrigada mil vezes, lhes sou muito agradecida.
Para todos desejo um Natal de muita paz, união, saúde, amor a si e ao próximo, e que 2014 venha repleto de esperança, aprendizagem, respeito, consideração a vida e a natureza, e muito, muito AMOR a nosso Pai e Criador.
Boas, não, ótimas festas pra todos nós!
Amo vocês!
Mil beijos,
Tania Pinheiro.


sábado, 14 de dezembro de 2013

Love is all 2ª parte. Quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar?!


Oi meus queridos,

Anteontem, acredite quem quiser, o “quase” impossível me aconteceu. Caí de cara no chão, bem na frente da Galeria Olido e, quebrei o mesmo joelho que machuquei na semana passada, quando atropelei o carro de um cidadão na minha rua! Juro, se me contassem eu não acreditaria!
Sabem aquelas redes de plástico laranja, que colocam para isolar a rua? Pois é... o povo soltou-as dos suportes, e o chão ficou igual a baile carnavalesco, repleto de serpentina! Algumas enrolaram no meu tênis e... PIMBA! Lá fui eu de cara no asfalto.
Imediatamente, várias pessoas vieram me ajudar. Consegui virar o corpo e sentar, com as pernas esticadas. Quando, apoiada por uma jovem maravilhosa que trabalha no bar em frente (perdoe meu anjo, mas com tanta loucura, esqueci os nomes de várias pessoas que me acudiram), ela e um outro rapaz tentaram me levantar, mas a dor não permitiu: quebrei o joelho, mais exatamente a patela. O sangue começou a brotar na calça legue (tão bonitinha, cortaram toda), várias pessoas ligaram para o SAMU, que depois de 1 hora e sei lá quanto, apareceu. Até aí, já haviam me sentado numa cadeira, a doçurinha do bar estava ao meu lado e muita gente em volta tentando entender “qual a atração no meio daquela roda”.
Eu havia pedido um sanduíche de queijo para levar para a Tatá, que saiu do trabalho sem almoçar e foi me encontrar no Hospital do Servidor Público Municipal. Pedi também dois copos de suco de maracujá, mas o Nestor, motorista da viatura do SAMU, esperou que eu tomasse o meu, e sem nenhuma cerimônia, dispensou o da Tatá. Tanto ele, quanto as enfermeiras da ambulância (de novo falta-me a memória dos nomes) foram MARAVILHOSOS! Super profissionais, atentos, e com enorme educação, me imobilizaram, colocaram na ambulância, e descobriram um hospital que me atendesse imediatamente.
De coração, gostaria de agradecer as duas enfermeiras e ao Nestor (mesmo não tendo levado o suco da Tatá). O cuidado, o carinho, o respeito e atenção que eles tiveram comigo, compensaram o tempo da espera.
A equipe do Setor Choque, que fez o primeiro atendimento no hospital HSPM, todos, sem exceção, foram incríveis. A atenção que recebi não deixa nada a desejar aos hospitais particulares.
O ortopedista que cuidou de mim, Dr. César é uma daquelas pessoas que provoca AMOR à primeira vista! Alegre, atencioso, brincalhão, bonito pra caramba, um baiano porreta, que além de tudo é um fabuloso ortopedista! Foi difícil resistir ao seu charme (risos), queria ter 40 anos menos...
Uma das muitas enfermeiras (ou seriam anjos?), a Neuza, tem uma maneira de agir, que parece que nos conhecíamos desde sempre. Além dela, do Chagas, que passou a noite me dando língua (acho que ele não é muito normal), da Fofura, do Teixeira o artesão do gesso (segundo Dr. Cesinha ele é o melhor gesseiro do Brasil), da Bonita que veio com o Cícero me trazer de ambulância até em casa, todos os que me atenderam neste dia inenarrável, foram excelentes profissionais, pessoas que servem ao próximo antes e acima de tudo por amor. Fazem da profissão, do atender ao outro, a personalização do AMOR!
Deus colocou no meu caminho seres tão humanos, tão dignos, que penso nem ser merecedora de tanta bondade! Vivo cercada de afeto, começando pela minha “luz” Tainá, seguindo de tantas e tantas pessoas que me dão graciosamente atenção, força, nos ajudando a cuidar e acreditar em nossos corpos e almas...
É, o amor é tudo!!!                                                                       
Quanto ao raio, estou engessada do tornozelo à virilha, ou seja, quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar?!? Devo ser realmente diferente, até o Dr. César assinou o meu gesso. Quem mais se escala?  


Mil beijos,

Tania Pinheiro.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Love is all


Oi meus queridos,

São 13:30hrs, e eu deitada, sem fazer coisa alguma, fico pensando no quanto sou abençoada. Ontem “atropelei” um carro. O rapaz vinha com a família a 10km por hora, uns 5m atrás de mim. Minha rua, além de estreita, fica com carros estacionados dos dois lados, o que deixa espaço para o trafego de apenas um veículo por vez. As calçadas tomadas por motos e bike’s não dão condições de um pedestre se locomover. – Égua! Quanta firula pra dizer que caí (risos).
Pois bem, lá vinha eu, sonhando com sei lá o que, quando me voltei e vi o carro quase em cima de mim, não sei como, torci o pé e caí com tudo! (Me senti um saco de batatas).
Ralei o joelho, o tornozelo, machuquei seriamente a mão e o punho esquerdo à ponto de minha filha me obrigar a ir para o CAIO.
Fiz radiografias, esperei umas 4hrs pra ser atendida.
O pior é que a Tatá veio mais cedo do trabalho pra casa por estar ultra gripada, com febre, e o nariz... bem, o nariz já estava disforme de tanto a bichinha assoar! Ela não havia se alimentado direito, estava literalmente um bagaço, arriada e sem foças.
Pois foi ver meu pulso e joelho naquelas condições (o joelho, um pivete, com cara de sacana, perguntou: Machucou tia? A resposta bem Tania Pinheiro foi: Não, queridinho, passei batom pra enfeitar o joelho) e lá fomos nós para o ICESP. Ficamos das 16h às 23:30h. Olhava o estado da minha filha e sentia vontade de chorar, mas nenhum dos argumentos que usei, dizendo que não era nada, que eu estava bem... Enquanto tudo o que ela achava necessário não foi feito, eu, sequer fui levada a sério. A palavra final foi a dela: vamos esperar.
Como sempre, os anjinhos do CAIO fizeram de tudo para amenizar a nossa angústia, tentando agilizar os procedimentos.
Os americanos tem uma expressão que diz: Love is all. Realmente não importa de onde ele venha, o amor é tudo!
O CAIO, que é o pronto socorro do ICESP, recebe algumas centenas de pessoas no seu dia a dia. Trata todas com respeito, carinho e consideração. São criaturas que trabalham por amor, que sentem e enxergam a dor do outro...
Nesse momento, estou esparramada na cama, a perna dura (se dobrar dói o joelho), com uma enorme vontade de fazer uma surpresa pra minha filha, mesmo tendo ela me colocado de castigo e proibido de zanzar por aí!
É isso meus amigos: sentimentos reais, realmente sentidos e confessados, nada mais são que demonstração de amor. Não sei se foi por nostalgia, mas me peguei recordando os anos 70, acho (não posso garantir) que foi em 1978 num festival da Globo, que a música campeã chamava-se Love is all.
Então, só para terminar, eu te amo mais que tudo, “meu Tatá”!

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Então...


Oi meus queridos,

Antes deste, tenho outros três textos no caderno, que por vários motivos, não postei! Sei que meu compromisso com o blog, e as pessoas que o leem, é grande, porém, me deu um ataque de “nada presta”, difícil de superar.
De novo nada que se possa se dizer anormal: a Tatá trabalhando, eu cuidando da casa, de vez em quando uma consulta ou exame... a mesma expectativa com a próxima perícia, pois será a partir deste detalhe que poderei fazer planos para o futuro.
Graças a Deus, parou de chover diariamente, o que fez o mofo secar. Não está bonito, mas pelo menos estamos respirando melhor.
O tempo parece moroso, e acho que o fato de ter feito 61 anos dia 27 (o certo seria comemorar os 2 de minha vida nova), pesa um pouquinho.
Sinto uma saudade danada do tempo em que cumpria compromissos, tratava com todo tipo de gente (até com políticos), morava num lugar pequeno, e mesmo quando a praia era a minha calçada, conhecia todos os que me rodeavam, tomava a minha geladinha... fazia poesia e projetos que melhorava a vida das pessoas. Engraçado, mesmo depois de fumar 45 anos, não sinto falta do “meu parceiro de birô ou mesa de bar”. Continuo tomando café, batendo papo, fazendo planos, sem precisar de um “cilindro nicotilítico”.
Passamos por momentos tristes, alguns companheiros de luta foram a nocaute, e tudo o que podemos fazer é orar e pedir a Deus, que lá no outro reino, eles vivam dias bonitos, noites de estrelas, e percebam a saudade que deixaram!
Na política, cada dia mais imunda, os escândalos se sucedem, bem como as aberrações (leiam sobre Roberto Jefferson e o desenrolar do mensalão), que fazem com que acabemos rindo de tanta palhaçada, tanto desrespeito, tanta desfaçatez com o povo e a Pátria.
A coisa está de tal modo sem nexo...
Ando com saudades dos meus, dos sonhos e planos da juventude, do Brasil que inventei e não aconteceu... Ando com saudade dos “Irmãos Coragem” (não aguento mais aulas de sexo ao vivo, de violência, traição, canalhice, “se dar bem não importa a custa de quem”!) Viva a Rede Globo, plim plim!
A Tainá está trabalhando feito louca, e eu que continuo sem sequer abrir o laptop, vivo meu ostracismo optado, procurando coragem (talvez um pouco de força de vontade) pra fazer um curso de informática.
Já pensou que legal, com um simples toque, poder falar com meu filho, (que me fez um depoimento lindo no meu aniversário, em breve estará no blog) meus irmãos, as queridas Célias, a bonequinha Carla Ceres... Falar com a Ana Cadengue, fofocar sobre as maluquices do nosso pequeno mundinho (RN), achar e fazer novas amizades...
Depois de 11 de Dezembro minha vida vai mudar por completo. Fiz um pacto comigo que preciso, mereço, sonho mesmo em ser feliz. Que Deus me perdoe se estou sendo arrogante, mas, Ele melhor do que ninguém sabe que eu já sofri demais!
Então... é o que temos para o momento. Durante a semana, se Deus quiser e a Tatá não chegar mais morta do que viva e cair na cama (às vezes até sem comer), voltaremos a nos encontrar.
Obrigada pela paciência.
P.S: a Tatá pediu desculpas pela falta com o blog, ela ainda está se adaptando a nova rotina, mas jamais abandonará esse espaço que tanto amamos. Acho que a culpa que ela está sentindo não procede, mesmo não podendo postar no blog, por absoluto cansaço e falta de tempo, não tem um dia que ela não seja o sol da minha vida.


Mil beijos,

Tania Pinheiro.

domingo, 24 de novembro de 2013

Como entender o TER e o SER.


Oi meus queridos,

Como sabemos, “quase” todos nós somos humanos, passíveis de erros e enganos, carentes, possessivos, altivos, donos da nossa verdade, e... inseguros, medrosos necessitados de colo físico e espiritual, apavorados ante a possibilidade de PERDER, o que sequer nos pertence.
Soube sexta-feira, que perdi uma amiga querida, que fez quimioterapia comigo. O câncer venceu a nossa linda gueixa. Ela era arrimo de família, no mais profundo sentido da palavra. Não se casou, cuidou dos pais e irmãos a vida toda, ajudou, com sua sabedoria, aconselhando os sobrinhos, mostrando-lhes os caminhos da vida, seus mistérios, sustos, dores e alegrias.
Quando saí do ICESP, chovia aquela garoa paulistana (que só tem aqui), olhei pro céu, sorri, pois sei que a minha amiga deve estar num lugar bem alto, cheio de flores, paz, aonde sua única obrigação será a felicidade. Instintivamente, agradeci o final de todo aquele sofrimento, dela e da família. Lívia sofreu demais! Mas, o Senhor que tudo sabe e tudo vê, deu-lhe finalmente a paz e o descanso, e o prêmio de sentar-se à Sua mesa.
Seja feliz, querida! Deus te abençoe e te ilumine muito. Saudades eternas e beijos no seu coração, meus e da Tatá que te gosta tanto!
Vim no ônibus pensando que temos o pavoroso hábito da propriedade: minha casa, meu carro, meus filhos, meus subalternos... Como assim, MEUS?
Quando Deus nos trouxe ao mundo, trouxe-nos nus, frágeis, precisando de nossa mãe e de seu leite, do pai, dos avós, enfim, de todos os “grandes” que nos rodeavam. Crescemos, estudamos, trabalhamos, construímos patrimônio (nem todos ficamos ricos ou poderosos), fizemos amigos, e conquistamos como nossos, tudo o que erroneamente cremos TER!
Aí, um AVC, um colapso cardíaco, um motoqueiro bêbado, uma bala perdida (?) nos atinge, e... PIMBA! Já foi.
De tudo o que lutamos para ter, levaremos a roupa do corpo, e se realmente for como creio, nossas lembranças e saudades.
Deixaremos saudade também, porém, independente do patrimônio, ficarão para trás as boas intenções. O que vai prevalecer é ganância, a certeza de posse, a avareza, a ambição, o lado feio de cada um aparecerá. Quanto mais $ e posses, menos união, lembranças bonitas de você e suas peripécias, saudade do seu sorriso e do abraço fraterno!
O ter, quando mal interpretado suplanta, esmaga, enterra o ser.
Mostramos nossas sequelas, mazelas, egoísmo, falsidade, desunião, e nenhuma fé, quando se da abertura do testamento e distribuição dos bens. É triste, mas real!
Tenho certeza que com a família da Lívia, isso não acontecerá, o amor de cada um pelo outro e o de todos por ela, não abrirá brecha para a mesquinhez!
Mas, e nós? Será que sabemos o que realmente vale na vida? Será que vemos no outro um igual, ou um adversário a ser derrubado? Será que temos consciência do que, de quem, e por que amamos? E a recíproca é verdadeira?
Às vezes meus queridos, olho em volta na minha casa, e vejo tanta quinquilharia as quais sou apegada, pelos mais diferentes motivos, e fico me perguntando, pra que tanto? Pra que tanta roupa de inverno, se na rua tantos morrem de frio? Por que não doar meus livros depois de tê-los lidos? Poderia transmitir conhecimento, alegria, força, fantasia... a tanta gente! Eu só escreveria na primeira página: leia e passe adiante! Mas, sou vítima do apego material, sou mesquinha no momento de dividir o dom da leitura. Me sinto pequena, apegada a coisas... O que li, guardei na memória e no coração, e daqui ninguém tira (só Deus).
O câncer mudou muito e em muito a minha vida, hoje enxergo o que não via... Valorizo tudo o que me rodeia, agradeço a Deus todos os dias pelo sol, pelo ar, por meu anjo de guarda, por minha família e amigos, por Tê-lo como Pai, e principalmente, por ser quem sou, com erros, defeitos, medos, até mesquinharias, mas lutando loucamente pra mudar conceitos errados dentro de mim. Tenho uma grande ajudante em meus aprimoramentos, minha filha entende de tanta coisa!
Não sou dona de nada, nem de ninguém, porém, também aqui a recíproca é verdadeira.
Amo a Deus, amo de paixão meus filhos e irmãos e seus pares, amo a vida, a Dra. Laura, o Dr. Felipe que me livraram do câncer, a Dra. Priscila, o Dr. Eduardo, meu Deus... quanta gente boa se deu, sem visar nada além da minha recuperação! Se eu fosse numerar cada enfermeira, atendente, recepcionista, maqueiros, ascensoristas, os anjinhos do CAIO que me cuidam e nunca me deixam sem um sorriso, e vocês, que nem o rosto eu conheço, mas tanto amor tem me dado!
Obrigada. Por tudo, tudo mesmo! Deus os abençoe!

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Comemorar o que?


Oi meus queridos,

A demora na postagem deve-se ao “Furaquinho”, que passou por nossas vidas, digo Tainá e eu, chamo de “inho”, pois se fosse “ão” vocês não estariam lendo essas bobagens.
Hoje, 20 de novembro, comemora-se o dia da Consciência Negra... (E eles eram inconscientes antes?!?)
Meu lado rebelde começa a discordar desde o nome dado ao dia. Nossas “neguinhas e negões” começam a perceber a sua REAL BELEZA, e já nem usam mais Henê! Sou, como todo o brasileiro, negroide, e levo em minhas veias sangue forte, de guerreiros altivos, de mulheres parideiras e criadoras da sua prole.
Não concordo que em algum momento, aboliu-se a escravidão, libertou-se o povo negro para viver como povo! Um país falido, com uma corte de idiotas: a natureza e suas malandragens, que fazia chover ou queimar o sol sem parar, derrubou o café, as autarquias, a altivez dos grãos senhores, que se viram forçados a fugir, ou contratar colonos europeus... Porém, isso não é aula de história e sim a minha opinião sobre o 20 de novembro!
Tirando os negros nos esportes, onde de longe, mostram sua superioridade, quem são nossos lideres dignos de respeito e admiração? A atriz Ruth de Souza? Cartola, Pixinguinha, Augusto dos Anjos, o Aleijadinho (que Deus os tenha e deixe a Ruth um pouco mais conosco). Não sei qual foi o bem que Pelé fez a Pátria, mas, louvado seja o Grande Pai, pois pelo menos para falar o nome do Ministro Joaquim Barbosa, podemos até soberbamente abrir a boca e dizer: Esse é um líder negro!
É claro que, além dos pouquíssimos exemplos citados, existem milhares de irmãos, matando um leão por dia e exigindo o respeito devido a sua raça e sua cor.
Sou absolutamente contra a Lei de Cotas: nosso problema é social, é educação da mesma qualidade para todos os brasileiros, porque você pode ser “polaco” como dizem em Santa Catarina (branco, louro, com lindos olhos azuis), sendo pobre, seu destino é a escola pública e, a partir daí... o filho do rico que estuda em grandes colégios, com esporte, lazer, biblioteca digital, alimentação nota 10, tempo para curtir depois da aula... pois é, polaco, ele já está quase na linha de chegada.
Conheci pintores, atores, escritores e poetas, profissionais liberais de diversas áreas, inclusive a medicina, Negros, cheios de orgulho. Costumo dizer, que preto é cor, sapato, cinto, pneu... Negro é raça!
O motivo deu estar escrevendo tudo isso é um só: não precisamos de uma data oficial para nos reconhecer e respeitarem nosso valor. Senão, que haja o dia do albino, do português da padaria, dos orientais, bolivianos, enfim, o que o “poder” achar que deve ser homenageado.
Eu já me daria por feliz, se alguém, instituísse o dia de prender corruptos, de capar estupradores, de caçar e fazer pagar por cada falcatrua cometida contra os brasileiros multicores, os presidentes, os secretários, ministros, deputados e senadores, enfim, essa maravilhosa gangue, que carrega satisfeita o “Estandarte do sanatório geral”!
Por ser e saber quem sou, todos os dias em que construo algo, apoio um irmão, preservo a natureza, respeito meu semelhante, todos os dias em que ainda habitar por aqui, são meus e dos meus semelhantes e assemelhados, dispensamos o feriado e as espúrias homenagens!
Viva Zumbi dos Palmares!
Axé e fé, irmãos de todas as raças e cores!
Deus te proteja, guarde e abençoe meu amado Brasil!


Mil beijos,

Tania Pinheiro.

sábado, 9 de novembro de 2013

Quanto apavoram os recomeços!


Oi meus queridos,

Pois é, o benefício pelo câncer acabou, o que tenho que fazer agora é procurar um psiquiatra (possivelmente mês a mês) e tentar continuar recebendo por conta dos zilhões de problemas que a depressão tem me propiciado. Ando totalmente a flor da pele!
Estou tomando hormônio para equilibrar o meu humor, pela manhã tomo 3 compridos de sertralina, à noite tomo 1 diazepam + 2 amitriptilinas para dormir. O pior é que eu não durmo, e quando durmo, falo a noite toda, principalmente com os meus pais (que já morreram), saio andando pela casa, sem destino. A pobre da Tainá não sabe o que é um sono tranquilo sei lá há quanto tempo...
Tem horas que não lembro o que comi hoje, mas, falo naturalmente da primeira apresentação artística da Tatá na escolinha (ela só tinha 3 anos).
Em certas ocasiões esqueço o nome das pessoas, fico embaraçada ao chama-las de queridas, em outras, pior, esqueço o assunto que conversávamos.
Tem dias, que gostaria de jogar tudo pro alto: família, amigos, tratamento, e, ir em frente feliz e livre ao encontro do eterno descansar!
Em outras ocasiões, me torturo por não ter sido mais “esperta” por achar que nada vale mais num homem que seu caráter, sua moral. Eu poderia ter feito um bom “pé de meia”, se não fosse tão idiotamente honesta, cobrando preço justo pelo meu trabalho, ensinando meus filhos a respeitar a propriedade e os direitos dos outros. Não tivesse sido tão tonta, defendendo o que EU acreditava ser o certo, tendo no peito a certeza, que só é digno do pão, aquele que semeou e colheu o trigo, retirou-lhe com respeito à casca, e grato a Deus, sovou e assou o que honestamente produziu.
Sei que no mundo existem alguns milhares de milhões de homens e mulheres assim. Alguns, por motivos só explicados por Deus, prosperam, passando a seus dependentes a importância de ganhar com o trabalho cotidiano. Muitos, talvez a grande maioria, vivem uma vida moderada, sem grandes lampejos de alegria ou dor, amam ao Pai, a família, o trabalho, os amigos e, sempre que podem, tentam amparar um semelhante em pior situação.
No Icesp, onde me trato, cruzo diariamente com pessoas, que se vê nos olhos que nem sequer café da manhã tomaram. Porém, serenas, recebendo com bondade um tratamento que é seu por todos e quaisquer direitos: o penal, o humano, o moral e acima de todos, o respeito de saber que aquela pessoa paga impostos acharcantes, desumanos e imorais, a uma corja, que além do falar bonito, sorri sempre o mesmo sorriso, são incapazes de olhar para o lado e reconhecer, como dizem as escrituras, “o seu irmão”!
Ainda em tratamento, sem trabalho ou perspectiva de, tendo ao lado meu anjo protetor, a Tainá e acima de nós o Grande Mestre do Universo, sinto-me aos 60 anos tão apavorada, como se tivesse 10. Sei que só tenho dois caminhos: enfrentar com a cabeça erguida, confiante nos bons que ainda me rodeiam, respirar fundo, fechar os olhos, agradecer a Deus pela vida e tudo de lindo que ela me deu... Ou procurar o pessoal da Playboy, mostrar a perfeição de trabalho executado pelo Dr. Márcio Paulino, imediatamente após a retirada do tumor, ofertando de brinde a chamada da matéria: Cabeça de 100, corpinho de 50, pernas de 30... e um par de seios de 15 anos jamais apalpados! Quem sabe? Vai que dá certo?! Doida pra isso eu sou.

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

... eu só queria entender!


Oi meus queridos,

Estava com saudades, mas, por mil e um motivos não deu para postar antes.
Hoje, não abri a janela do quarto, tampouco a do meu coração.
Esfriou, choveu, São Pedro se confundiu e trocou o feriado de finados.
Amanhã vou fazer uma visita ao INSS. São sempre angustiantes, apertam o peito, mexem com a cabeça e a alma. É exatamente na véspera da perícia que avalio o quanto não fiz nada de útil na minha vida! Não pra mim, nem para os que realmente mais amo.
Participei de sei lá quantos mutirões de casa própria, ajudei a levantar a renda, a estima, a vontade de sonhar, de pessoas que hoje, provavelmente, sequer lembrem que eu existo, e são gratas ao político ladrão que levou no mínimo a metade do preço do projeto inicial!
Meus filhos cresceram, são donos de si. Meus pais morreram, sabe-se lá, se já não estão aptos a voltar a conviver conosco!
Não tenho marido (nem me daria novamente esse castigo), nem namorados, odeio bailes da melhor idade, não tenho saco pra ver televisão, e não domino o mundo virtual... Às vezes, sinto que morri e esqueceram de enterrar.
Na entrevista de amanhã, muito o que farei, acontecerá ou não, a partir do resultado.
Não aceito piedade, dó, ou qualquer sinônimo para tais palavras. Plantei, a partir daí, vou colher!
Sinto saudade do tempo em que eu chorava ouvindo uma canção ou assistindo um lindo filme. Não faço mais isso, não consigo.
Sinto que adorava ficar maquinando “gostosuras” para alimentar as minhas gostosuras. Também isso, tenho feito muito pouco.
Decretei meu auto ostracismo, e mastigo em minha concha toda a angústia, medo, ódio, abandono, todos os maus sentimentos que me invadem. Depois, lavo o rosto, balanço os cabelos, fecho a ostra e volto toda faceira a conviver com os outros. Tudo maquiagem, tudo mentirinha, tudo fuga, medo e uma enorme solidão.
O pior, é que a tendência é piorar cada vez mais! Velhice é igual à rabugice (risos).
Perdoem despejar aqui, tanta coisa feia e ruim, mas a fora os ouvidos da minha filha, este é o único lugar que possuo, sei que por carinho, vocês vão entender e perdoar.
Amo, mesmo sem jamais ter visto, cada amigo que me visita com seu carinho e acolhimento. Saudades!

Mil beijos,
Tania Pinheiro.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ao som da saudade!


Oi meus queridos,

Hoje, estou aqui para falar de coisas que aquecem a alma e o coração.
Era final de outono, e o céu esplendidamente azul iluminava, dava vontade de correr, sorrir, brincar... Eu deveria ter uns 10 ou 11 anos. Como em todos os domingos, acordamos cedo, tomamos café e saímos, meu pai e eu.
Às vezes, íamos à feira e comprávamos um belo peixe para o almoço, ou íamos ao cinema na sessão das 10:00 horas, para ver Tom e Jerry, Pica-Pau... Às vezes, pegávamos qualquer ônibus e íamos conhecendo São Paulo. Tucuruvi, Pinheiros, Parelheiros, Brooklin, as praças do Centro e do Bexiga...
Neste domingo que contarei agora, tudo foi diferente: Tomamos o ônibus Praça Ramos, fomos até o ponto final e descemos ao lado do Teatro Municipal de São Paulo.
A grandiosidade e imponência do lugar, tomava conta de tudo: A luz difusa, que nos roubava a certeza de ser noite ou dia, o ar impregnado de perfumes, os tapetes vermelhos, a escadaria de mármore, as estatuetas em bronze, os lustres e candelabros de cristal... Todos os funcionários, impecáveis no vestir e amabilíssimos ao atender as pessoas; Indicavam a cada um o local correspondente ao seu assento.
O projeto “Concertos para a Juventude” acontecia aos domingos pela manhã, no horário das 10:00 horas, o que deixava “livre” o resto do domingo. Era gratuito, pegava-se o ingresso na bilheteria e então, após atravessar uma pesada cortina de veludo, víamos abestalhados, a suntuosidade do local!
O palco enorme, o fosso da orquestra, a iluminação impecável, o tapete fofo para abafar os sons dos sapatos altíssimos das frequentadoras...
O programa do dia anunciava: Cantata 147 – Bach, um trecho da ópera Aída de Verdi, terminando com o Trenzinho do Caipira (do nosso grande) Villa Lobos, executadas pela Orquestra Sinfônica de São Paulo e regidas por um jovem e promissor Maestro.
Já acomodados em nossos lugares, (ficamos numa frisa, à direita do palco) ouvimos o primeiro toque da campainha, o teatro escureceu. No segundo toque, a luz voltava vagarosamente, enquanto víamos as cortinas se abrirem qual pétalas de flores. No terceiro sinal, músicos colocados, luzes em perfeita graduação, silêncio absoluto, adentra ao palco o maestro, que mostrava-nos com seus passos firmes, saber muito bem o que estaria fazendo!
Conforme o programa transcorria, eu chorava emocionada, segurando a mão do meu pai. A escola, meu pai frequentou muito pouco, mas foi sem dúvida, o homem mais sábio e inteligente que conheci na minha vida.
A cada acorde, a cada movimento preciso, a cada mínimo gesto que o maestro exercia no palco, eu os imprimia no meu coração e cérebro.
Ao finalizar, um locutor em off, apresentava os membros da orquestra, chamando pelo nome um a um com seu devido instrumento. Estes levantavam-se recebiam o aplauso merecido e permaneciam em seus lugares. Quando chegou a vez de apresentar o Maestro LEONARDO BRUNO, todos ficaram de pé e, sem qualquer cerimônia, aplaudiam, assoviavam, gritavam bravo!
E eu, num dos momentos de maior emoção de toda a minha existência, fiz um pacto com Deus: meu filho teria esse nome, e por influência dele, seria sensível, educado, culto, inteligente, para quem sabe um dia, ter a sua própria trupe. Acreditei que meu filho seria capaz de desempenhar bem o que se propusesse a fazer.
Como disse antes, eu tinha 10 ou 11 anos, nem sonhava com namoricos, brincadeiras, o papo sem sal dos meninos adolescentes daquele tempo.
Há 33 anos, meu pai pegou nos braços pela primeira vez, o meu Leonardo Bruno. Pequenino como todo recém nascido, com um par de olhos muito curiosos, sabendo que estava em casa, onde além de esperado e sonhado, reinaria absoluto por uns bons pares de anos.
Tudo o que pedi, Deus me deu, e juro, mesmo errando algumas vezes, dei o que pude para fazer dele o homem que é! Honesto, amigo, tinhoso, educadíssimo, e, apesar de não ter facilidade em se demonstrar afetivo, acredito que ele me queira bem. Vive a vida que escolheu, e mesmo sabendo que não escolheu o que eu queria ou sonhava para ele, é o trabalho que o realiza e faz feliz. Fui muito bem atendida pelo Pai. O MEU LEONARDO vale (e ainda sobra troco) cada noite insone, cada momento de medo, ou apreensão (desde os primeiros passos até o primeiro dia que o vi fardado), cada gol que nas peladas da vida ele transformou em “obra de arte”, cada palhaçada que ele se dispôs (em busca de um sorriso meu), cada vez que quando pequenino, me abraçava o pescoço e dizia “que me amava do tamanho de um elefante”.
Na verdade, você e sua irmã são os únicos motivos pelos quais enfrentei tantas lutas, engoli tantos sapos, fingi aceitar coisas que abominava, foi por vocês e por mais nada ou ninguém, que achando ser essa a maneira certa de fazê-los felizes, fiz o inverso e chorei lágrimas de sangue quando percebi o meu erro. Foi por vocês que optei não colocar ninguém na minha vida, que pudesse ser inconveniente, manipulador, “falso pai”, pois acreditei, e tentei de todo coração dar aos dois todo o amor que tenho disponível.
Pelos erros que errei e foram muitos, pelas vezes que faltei (quase sempre por conta do trabalho), pela mãe “medíocre” que fui em muitas ocasiões, por tudo de ruim que possa tê-los ferido, peço perdão.
Você, Léo, nasceu nos primeiros minutos do dia 29 de outubro. Antes de entrar em choque anafilático, isso me foi contato as gargalhadas, tempos depois, pelo médico Antenor Giomédes, que fez o parto de vocês dois, que perguntei aflitíssima, se era o Leonardo Bruno (como coisa que se não fosse, desse pra devolver), graças a Deus era (risos).
Feliz aniversário meu “MAESTRO”, seja muito, muito feliz!
Amo você!

Mil beijos,
Tania Pinheiro. 



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Buscando encontrar o meu caminho.


Oi meus queridos,

Almir Sater, grande violeiro, poeta e cantador escreveu: “ando devagar porque já tive pressa...”, e mais a frente diz: “cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz”.
É lindo, né?! O Almir (eu o conheço um pouquinho) é um caboclo pantaneiro que adora pescar, cuidar de seus bois e de suas terras, tomar vez por outra um “traguinho” de cachaça do engenho, e ama fazer poesia musicada!
Lembrei-me dele, depois de uma nova DR, entre a Tatá e eu. O pior é que a danadinha está coberta de razão: joguei a toalha, perdi a luta por WO, resolvi que estou velha e acabada... Estou em pleno fim de tarde, de uma quinta-feira bem paulistana, deitada sob quatro cobertores, reclamando da vida, do frio, do governo, dos amigos que não aparecem, da falta de grana... De tantas bobagens que eu mesma reconheço o ridículo da situação!
Cheguei à conclusão, que sofro de auto piedade, autopunição com tendências ao autoflagelo! Que me acostumei com o mais ou menos, que aceito passiva, quase feliz, essa inutilidade que criei para mim, e que egoisticamente imponho para a minha filha!
Ela tem razão: não estou aleijada (e olha que nós brasileiros temos mais medalhas nas paraolimpíadas do que nas outras!), não estou em risco de vida, o tratamento está ocorrendo como era esperado... Mas, é gozado, dentro de mim nasceu um medo do videoteipe, uma insegurança de ter e fazer a Tatá passar por qualquer decorrência do câncer novamente. Vocês não imaginam a agonia que isso me provoca.
Fora isso, tem o fato de não estar trabalhando, de minha filha por culpa minha não ter voltado a estudar ainda, tem o problema do mofo da casa, do prazo para a aposentadoria... É muita coisa, porém, pensando com serenidade, já vivi momentos infinitamente piores, inclusive a descoberta e enfrentamento do meu tão repetido câncer.
Em outras épocas, fiquei sem trabalho, mas por pouco tempo. Já passei momentos que precisei que os meus chegassem junto, até para alimentar meus filhos, já casei, separei, enviuvei, já perdi entes queridos... E continuo aqui, na luta.
No momento a angústia maior fica por conta da inércia, nunca fui tão preguiçosa, tampouco dada a observar o fazer alheio. Sempre aplaudi as vitórias alcançadas, seja lá por quem fosse sem inveja ou sentimentos inferiores. Mas, queridos, comecei a trabalhar aos 13 anos, sempre tive o MEU dinheiro, muito cedo comecei a ajudar em casa, e depois de casada, por muito, “levei a casa nas costas”, mas, passou...
O importante agora é sair da toca, procurar antigos parceiros e conhecidos, ou quem sabe montar meu próprio negócio tendo a minha filha como sócia (e tesoureira, porque de outro modo, eu esbanjo tudo, inclusive, comprando coisas pra ela).
É isso, achar o caminho é difícil, segui-lo, mais ainda. Mas, se Deus me trouxe até aqui é porque ainda tenho contas e créditos nesse mundo e nesta vida!

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Brincando de fazer concurso,


Oi meus queridos,

Influenciada pela Tatá e pelo Paulinho, resolvi me inscrever num concurso patrocinado pelo Santander, Talentos da Maturidade. Só Deus sabe o quanto odeio a expressão: Melhor idade (melhor idade, pra quem, cara pálida?). Somos alvo de todo tipo de “ite”, gastrite, bronquite, rinite, além dos tradicionais: pressão alta ou baixa, colesterol, AVC, infartos, estresse, aí, vem a falta de memória, que se bobear vira Alzheimer, fraudas geriátricas, dentaduras frouxas... E neguinho cria o slogan “Melhor idade”!!!
Mas, pelo entusiasmo dos dois, me contagiei e escrevi um ensaio, que meu fã clube pessoal adorou... Mas, não foi desta vez.
O texto segue a baixo. Quero compartilhá-lo com vocês!
Engraçado é que vários concorrentes me mandaram mensagens carinhosas. Vou responder ao carinho de cada um e, de quebra, apresentar o “tô com aquilo”.
Espero de coração que vocês gostem do ensaio, e não importa se positivo ou não, me deem suas opiniões, ok?

Mil beijos,
Tania Pinheiro.




  Páginas roubadas do diário de uma solteirona triste (que eu encontrei no chão do elevador*)

... não, eu não sou boa! Sou responsável. Se eu não tomo a frente numa série de problemas, a vaca vai pro brejo!
Outro dia, ouvi meu irmão caçula conversando com um amigo e percebi que falavam de mim. Meu irmão dizia, com certa deferência...
– Aninha? É uma santa! Não se casou para cuidar dos meus pais, até falecerem, depois para me formar na faculdade, trabalhava em dois empregos... Aninha não é desse mundo!
... Fiquei fula de raiva!!! Não escolhi nada disso, por mim tinha fugido aos 19 anos, com o crooner da Orquestra Tabajara, que me cortejou e prometeu casamento... Pode ser que nem fosse nada disso, que ele tivesse mulher e cinco filhos, sei lá, o que importa?! Eu teria vivido o amor, uma grande e inesquecível paixão!
Também não pude estudar o que queria. Sonhava ser jornalista, profissão que meu pai dizia ser masculina, ou, na pior das hipóteses, de mulher macho.
Fui para a escola normal, me formei e fiz concurso público. Me aposentei professora.
Como não tinha namorado, nem estômago para sair segurando vela, enquanto meus irmãos namoravam, aprendi que o melhor para garantir o futuro (depois de um bom marido!) é a poupança! Foi o que fiz.
Aliás, graças a ela, pude socorrer familiares em momentos difíceis (quase todos devolveram o empréstimo), pude proporcionar uma viagem dos sonhos aos meus pais, que, depois de mais de trinta anos, reviram a terra natal e a família. Alguns se foram pela velhice ou então por outro motivo qualquer, mas cresceu o número de sobrinhos, sobrinhos netos, e até um bisneto de colo, foi um bom investimento...
Mas como dizer que não sinto falta de um homem, de alguém que me ame e me cuide, que possua, sem pudor ou medo, o meu corpo de quarentona bem cuidada, com um fogo vivo me queimando as entranhas? Ah! não, não é bem assim que as coisas são... na realidade, a vergonha, a raiva, a solidão, o me doar por bondade, porque meus irmãos, mais espertos e egoístas, deixaram como minhas as responsabilidades, talvez seja esse o maior motivo de eu não ter vivido a minha própria vida.
Às vezes, tenho vontade de dizer pra eles como me sinto, como me senti por todo esse tempo...


Sábado, 14 de setembro.

Hoje, aconteceu uma coisa realmente FORA DO COMUM!
Fui andar na praia, ao invés de ir à missa! Quando me cansei, entrei num shopping, parei em frente a uma loja de móveis e tomei consciência de que vivo num museu! Tudo escuro, de madeira maciça, as louças pesadas, antigas (algumas lascadas) ... Tudo com o cheiro de mofo que a minha alma exala!
Nas vitrines de roupas, percebi o quão ridículo é o meu modo de vestir! Anos 40, 50, 60? Não sei, mas nada é colorido, leve, esvoaçante como as coisas das vitrines...
De repente, noto que estou chorando, copiosa e amarguradamente, estou em prantos, em pleno shopping!!!
Um segurança, alto, moreno, aparentando mais ou menos 40 e poucos, se aproximou oferecendo ajuda. Perguntou se eu fora molestada, roubada, maltratada... Fosse o que fosse, ele iria tomar as providências!
Enxuguei o rosto com as costas das mãos, sorri, completamente sem jeito, agradeci a atenção e o apoio. Mas não consegui deixar de dizer que estava morrendo, dia-a-dia, de apatia, inércia, saudades e solidão...
Ele segurou minha mão, com muito respeito, e perguntou se eu não gostaria de um café ou sorvete ou quem sabe um chopinho em sua companhia. Seu turno terminaria em menos de 30 minutos.
Olhei-o nos olhos e, pela primeira vez, me senti com vontade de uma estripulia!
Por que não? Sou solteira, livre, desimpedida, tenho o meu próprio patrimônio... sou solitária, sonho com um romance, não pretendo morrer virgem...
Aceitei. Marcamos na sorveteria da praça de alimenta-...


*O pior é que não sei o que aconteceu depois. Se o cara foi, se era um bom homem ou um canalha profissional, se eles se entenderam, ficaram amigos, amantes, casaram...
Não vou negar, tô P da vida, de ter que criar no meu imaginário o final dessa história! Mas, do fundo do coração, torço para que, pelo menos dessa vez, “eles viveram felizes para sempre”!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Outubro Rosa! Brindemos a luta, a coragem e a vontade de vencer!


Oi meus queridos,

Eu desconhecia o fato de comemorarmos em outubro a luta e as vitórias sobre esse inimigo invisível e ardiloso que é o câncer.
No meu entender, temos vitórias de janeiro a janeiro, e, infelizmente perdas também... Mas, já que decretaram outubro, vamos tentar fazer uma programação e segui-la religiosamente até o próximo outubro.
1- Ao acordar respire profundamente, sorria, agradeça a Deus pelo hoje, e saia feliz para viver a vida, como se esse fosse seu último dia. Sendo assim, vale vestir algo diferente, dizer alô para quem cruzar o seu caminho, rir sozinho e gostosamente de uma piada que ouviu há tempos atrás, e por não estar no clima, passou batido!
2- Se você não tem câncer, mas é adulto o suficiente para ler esse blog, então tem idade e responsabilidades para com o seu corpo. Por mais difícil, lento, trabalhoso e demorado que seja o atendimento da rede pública, precisamos nos saber, conhecer nosso corpo, para não sermos pegos de surpresa, caso tenhamos que enfrentar alguma batalha. Prevenção! Esse é o maior e melhor remédio.
3- Não leve tão a sério a vida, os problemas, os percalços, e até você mesmo! Aprendi com um ser iluminado uma técnica infalível: Pergunte-se “que importância tal situação terá na minha vida daqui a 10 anos? E a 5anos? O que significará esse fato o ano que vem? E daqui a uma semana?” você vai perceber que perdemos muito tempo sofrendo e valorizando fatos, pessoas, dramas, que na verdade nem são tão importantes assim!
4- Se dê um tempo de presente, para ler, caminhar, ficar ao telefone falando abobrinhas, cuidar de si mesmo (quem sabe mudar o corte ou a cor dos cabelos), ir ao cinema de tarde (mesmo que sozinho)... Enfim, se dê um tempo porque ele passa muito rápido, e quando vemos, já foi, e nós perdemos a oportunidade de viver.
5- Aprenda a perdoar. Comece SE perdoando, depois, pegue aquela listinha nefasta e, simplesmente, perdoe de todo o coração. Pense que o câncer é a doença da mágoa, da inveja, do abandono, de mil sapos engolidos e não digeridos, da falta de autoestima, amor (próprio e alheio). Tire do seu vocabulário a palavra MEDO, ninguém consegue viver bem sentindo medo. Entregue sua vida, seus seres amados, seus sonhos, enfim, tudo o que lhe é caro às forças Benditas do Universo. Entregue-se de corpo, alma, alegria e fé. A fé, como diz Gilberto Gil “não costuma faiar”.
6- Pratique o desapego e a autodoação. Passe adiante tudo o que não lhe for útil, que não lhe fará falta (pode ajudar tanto a outro alguém). Lembre-se que da vida só levamos a saudade que sentimos e a que deixamos, o resto, é coisa! Tire um tempinho para dedicar VOCÊ a ALGUÉM... Pode ser como voluntário num projeto, lendo para alguém que não sabe ou não pode mais fazê-lo, brincar com as crianças como se fosse uma delas, ouvir as angústias de alguém (conhece o CVV?).
7- Finalmente, AGRADEÇA, afinal você é um milagre da vida!
As palavras que você lê neste momento são de alguém muito agradecida por ter vencido o câncer duas vezes, graças à competência dos profissionais, o apoio da família e dos amigos, a atenção e respeito dos companheiros de luta, o cuidado e amor inenarráveis, de tão enorme que foram que recebi de minha filha, que provou a si mesma, a mim e ao mundo, seu tamanho e fortaleza. Mas, nada teria acontecido, se eu não houvesse segurado as mãos do Pai pedido do fundo da alma e com toda a humildade “por favor, só mais um tempinho...” obrigada por ter me atendido Senhor! Além de todas essas coisas maravilhosas é bem no finzinho de outubro no dia 29, que completa mais um ano, o homem da minha vida, meu filho Leonardo, lutando e vencendo batalhas!
Então queridos, abusemos do ROSA, nas roupas, cabelos, flores que mandarmos a alguém que queremos bem, no sorvete de morango... Não importa o tom, o importante é juntos continuarmos na luta contra o câncer, e a cada vitória louvarmos e agradecermos o milagre de viver.
P.S Embora mais raro, o câncer de mama também atinge aos homens, por isso todos devem buscar informações sobre prevenção e tratamento.

(fotos extraídas da internet)

Mil beijos,

Tania Pinheiro.