segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A dolorosa angústia de esperar...



Oi meus queridos,

Não sei com vocês, mas, eu odeio esperar, seja lá o que for, esperar me irrita, dá nos nervos... Foi assim até mesmo quando engravidei!
Ficava me perguntando pra que tanto tempo, se o difícil mesmo, aconteceria depois da criaturinha dar as caras e dizer: Cheguei!
Esperar é realmente difícil... O resultado do vestibular, da entrevista para o emprego, o sim de quem queremos para sempre ao nosso lado... Esperar o diagnóstico de algum mal que nos aflige, não é só dolorido, é realmente angustiante!
Porém, se nos acalmarmos e paramos para pensar que, acontecerá o que já está escrito, que nosso desespero só faz aumentar a dor dos que nos rodeiam, castigar nossa alma, encher-nos de culpas e medos... Existe um ditado antigo que diz “quem sofre por antecipação, sofre duas vezes”! É verdade.
O diagnóstico do meu câncer foi recebido quando eu tomava uma cerveja. Se me desesperar ajudasse em alguma coisa, juro, nem Medéia ganharia de mim!
Mas o Criador tem seus caprichos, e o câncer para mim veio como lição, como um caminho para descobertas de amigos reais, do valor do afeto, da minha fragilidade, de quanto preciso dos que me amam e amo também!
Por conta do câncer, que se Deus quiser não voltará (pois o que estava comigo tirei), parei de fumar, voltei a escrever para pessoas, não para ajudar políticos a conseguir seus intentos, redescobri minha São Paulo louca e fervilhante como sempre, pude desfrutar sem culpa ou remorso do amor e cuidados que tanta gente me ofertou, principalmente a Tatá, que me fez ver que, a minha menina cresceu, se tornou uma mulher forte, segura, consciente, solidária, GENTE, com todas as letras maiúsculas.
Continuo o meu tratamento, tomando uma carrada de remédios, fazendo exames quase todos os meses, driblando os aperreios, as contas, os medos e inseguranças.
O câncer é uma doença nojenta! Quando você pensa que acabou, aparece uma metástase... Ou não, como diria Caetano!
O que posso afirmar, por experiência própria, é que, se por sermos humanos, temos a mania de esperar, então, que tal (?) vou ganhar a mega-sena, vou fazer um cruzeiro até o Caribe, ou esquiar nos Alpes, vou encontrar o coroa dos meus sonhos (tipo Richard Gere), vou delirar coisas boas, atrair energias positivas, gente contente, com corpo e alma saudáveis, que não se punem sofrendo antecipadamente, o mal que pode nem acontecer.
Sabem, cada dia que passa, tenho mais certeza de que “viver é melhor que sonhar”. Mas, isso não quer dizer que devamos parar os nossos sonhos e devaneios... O tempo mais feliz que vivemos, foi aquele em que acreditávamos em Papai Noel. Então, “simbora” em frente, que atrás vem gente!

Mil beijos,
Tania Pinheiro.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Toc, toc, toc, tem alguém aí?


Oi meus queridos,

Certamente, vocês conhecem pelo menos uma pessoa, que quando se sente triste, aporrinhada, sozinha, de problemas até os olhos, se fecha atrás de sete portas e janelas e, esconde as chaves, como garantia para o seu ostracismo.
Pois bem, gostaria de falar para essas pessoas, que esse tipo de atitude é um “chama” para AVC, infarto, depressão, diabetes, e... câncer!
É isso mesmo: fugir de quem nos quer bem, não pedir ajuda, recorrer a mais trabalho, mais cigarro, mais um drink... nada disso vai ajudar.
Quando nos fechamos em nós mesmos, ensimesmados com as coisas ruins que acontecem conosco, ou a nossa volta, enfraquecemos. Mais fracos, temos menos poder de imunidade, somos alvo fácil para vírus, bactérias e as mais perigosas das doenças: a apatia, a tristeza, a falta de vontade de lutar, a dispersão dos bons sentidos, como o gosto do sorvete de chocolate, o cheiro do cabelo de quem amamos, ver o brilho da estrela D’alva quando nasce, ouvir o som dos passarinhos ao entardecer...
A tristeza, o rancor, as mágoas, os sapos engolidos e não digeridos são os principais agentes para o enfraquecimento do nosso corpo. E quando nosso corpo adoece, a alma solidária tende a se deixar levar! E aí, a auto piedade, o mau humor, a falta de fé, o medo, todas as bobagens, que sem pensar, fazemos, tomam conta de nós, e... Já era!!!
Então meus queridos, se algum de vocês está, ou conhece alguém que esteja vivendo esse momento, tome uma decisão radical: Sacuda a criatura, mostre-lhe quantas pessoas passam por problemas até piores, com dignidade, esperança, e a certeza de que o Altíssimo fará o que for melhor para ela.
A fé, a esperança, o bom humor, o gostar de estar vivo, o amor e principalmente o amor próprio fazem milagres! Eu sou prova desse milagre, estar viva! Tudo o que podia acontecer, aconteceu: câncer, arritmia, tireoide, depressão... já estamos nessa batida há quase 3 anos.
Vivo um dia de cada vez. Às vezes, estou de mau humor, outras, sem vontade de conversar, às vezes me aborreço com besteiras, outras, me deslumbro com um inseto que pousa em minhas plantas. A garantia que tenho de vida é este momento!
Sei lá, se daqui a 10 minutos, um doido qualquer me atropela e lá vou eu conversar com São Pedro? Sei lá!
Quer saber? Viva. Muito. Profunda e plenamente. E agradeça ao Pai, pelo sol, pela chuva, pela lua, pela primavera e principalmente, por ele ter feito tudo isso pra você!
Pense no que leu e vai me dar razão.

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Louvando a chegada das Primaveras!


Oi meus queridos,

Acho que este texto não chegará “junto” com a primavera (estação), pois a minha primavera de amor, que gerei, criei, e hoje, cuida de mim, está ocupada vivendo o seu amor, com o próprio!
Mas, como o que vale é a intensão, sejam bem vindas, estação e raio de sol, estávamos todos ansiosos pelas suas chegadas!
São Paulo está repleto de ipês amarelos, de buganvílias de mil e um tons, de árvores que não sei o nome, mas sei reverenciar... São tantas! Cor de rosa, roxas, tem uma que dá no mesmo pé, flores brancas, roxas e rosas, na frente do Tom Jazz, na Avenida Angélica, tem uma bem pequena, mas deslumbrante!
Os jardins e floreiras da periferia onde moro, estão repletos de rosas, antúrios, margaridas, violetas... Minha vizinha, uma senhora japonesa, tem no mesmo jardim, jasmins que perfumam o dia, e um pé de dama da noite, que me inebria ao cair da tarde!
A lua, despudorada, apareceu cheia, esbanjando luz, vontade de amar, de sonhar e ser feliz... Salve e viva a sempre linda primavera!
Já a outra, que foi graça concedida a mim (Deus é bom) completa hoje 26 anos, aonde conheceu de perto o medo, as necessidades financeiras, o abandono de um pai burro, conheceu as limitações da saúde, não tão forte (ela é autoimune), o desgosto de apostar nas fichas erradas, e, apesar de tudo isso, continua meiga, doce, parceira, consciente de seus deveres de cidadã e de seus direitos de ser humano, brigando para que as pessoas entendam, e, pelo menos pensem nas bobagens que vimos cometendo ao longo de toda a nossa existência, destruindo rios, dizimando florestas, comendo animais, poluindo com todo o tipo de gazes o ar, que nossos filhos e netos respiram ou respirarão.
Na cabecinha da minha primavera Tainá, consumismo, apego a coisas materiais, falta de atenção com a natureza, os bichos, os marginalizados, os que já não sabem o que é a luz, é um problema tão sério, que mexe com sua saúde, autoconfiança, e determinação de não ceder, não virar “povo marcado”, como diz Zé Ramalho.
Minha filha é uma benção de Deus, que todos os dias ao acordar, destila o perfume das flores recém chegadas. Ela, com sua ternura, às vezes até meio rude, segurou minha vida e vontade de continuar vivendo, para vê-la feliz e realizada, tendo alcançado seus objetivos, pela sua força de vontade, determinação, fé e, principalmente, porque “Deus é Pai, não é padrasto”!
Hoje, para mim, está sendo um dia especial: fui minha o dia inteiro, ao ponto de poder lembrar e sentir saudades do meu filho, meus irmãos, da Pati, da Germana, do cheiro que recendia aos domingos, quando meu pai ia pra cozinha, preparar sua especialidade, pernil à brasileira! Gente, de pensar chega a doer no coração, pois acompanhando a Tatá, estou tentando me tornar vegetariana.
Mas deixemos de lado esse “pecadinho”, e vamos fazer a nossa parte: que tal hoje, plantarmos uma muda de laranjeira, ou ingá ou talvez de ipê (não importa a cor)? Que tal, darmos de presente a um amigo, um vasinho de violetas ou crisântemos, ou uma palmeirinha? Com um singelo bilhetinho: Tente reproduzir, precisamos respirar, ver o céu, sentir o cheiro das coisas. Só a natureza e o amor podem operar esse milagre. Porém, eles precisam de nossa ajuda para plantar, cuidar, preservar, não permitir que vândalos políticos ou não, nos transformem em estátuas de cimento, argamassa ou concreto!
É isso: Parabéns primavera, bem vinda! Parabéns minha primavera Tatá, e obrigada Senhor, por ter me dado à graça de colocar no papel o meu coração.

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Coisas da vida...


Oi meus queridos,

É engraçado como temos capacidade de armazenamento. Conseguimos guardar no peito e na memória, coisas que nem dá pra contar!
Depois do câncer, passei a lembrar de fatos, estórias, pessoas, passei a reviver mil e uma situações, algumas alegres, outras nem tanto... A passagem dos meus avós, dos meus pais, do meu irmão caçula, de vários amigos e comparsas, do nascimento dos sobrinhos e dos sobrinhos netos, de alguns poucos companheiros de luta e convicção, que ainda estão por aí, ensinando “liberdade”!
O fato de ainda não saber mexer no computador me limita muito. Não fosse eu, analfabeta digital, poderia conversar com tanta gente...
Na verdade, o que mais sinto falta no blog, é de dialogar com quem lê. Quando o pensamos Tainá e eu, tínhamos por objetivo principal, o intercâmbio, o inter-relacionamento, a ideia era ouvir os problemas, sonhos, expectativas, contar pra vocês, como eu Tania, me sentia a cada fase. Queria que quem fizesse quimioterapia, como eu, dividisse a amargura do processo, permitisse que eu, e em particular os leitores, que assim o desejassem, pudéssemos transmitir força, amparo, aconchego, carinho... e a certeza de que “no final, tudo vai dar certo! Se não deu certo ainda, é porque não chegou o final”!
Queria muito ter mais respostas, críticas, desabafos, recados, receitas... vale tudo, o importante é que vocês apareçam mais no pedaço, pois às vezes, sinto que estou escrevendo só para a Célia e a Carla! Adoro essas duas pérolas, que não me abandonam nem com reza braba! Obrigada, queridas.
Acho que estou me tornando uma velha rabugenta, pegajosa, implicante e carente, pobre Tatá que me aguenta todo dia.
Perdoem... são fricotes da idade. Coisas da vida!

P.S Passarei a partir de hoje, a responder os comentários no blog, também no espaço dos comentários, pra gente poder prosear, ok?



Mil beijos,

Tania Pinheiro.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

“Separando o joio do trigo”...


Oi meus queridos,

Lembram daquela expressão antiga “tem dedo podre”? E aí podia ser complementada por: trabalho, amor, amigos...
Ter dedo podre para as nossas avós, era um misto de falta de sorte e incapacidade de escolher bem!
Eu sou uma, que reconheço, tenho “mão podre” para escolher determinadas coisas. Na juventude, crédula, amante voraz da Pátria e da democracia, escolhi unir-me aos que lutavam pelos mesmos sonhos que eu: ME LASQUEI! Viraram uma camarilha, que mente, engana, e o que é pior, rouba a fé do pobre povo brasileiro! Os elementos que conheci, há mais de quatro décadas, nada tem a ver, nada tem em comum com os “Lula, Dilma, Zé Dirceu, Genuíno e Cia Ltda”.
Minha filha de 25 anos, pergunta, volta e meia, até aonde poderemos cair antes de nos unirmos e reagir?
Não sei, embora quisesse do fundo do coração, ter a fé e a energia de 40 anos passados, e, responder confiante: é hoje, a hora, agora! Vamos pra rua chamar o povo, para tomar posse do que é nosso: o Brasil!
Porém, independentemente do câncer, já não tenho nem força, nem fé, nem vontade de lutar, já que, para o lado que olharmos, veremos miséria, violência, doença, zumbis caídos no álcool e nas drogas, e o que é pior: Políticos corruptos, que brincam com o povo, como se fossemos nós, apenas marionetes sem força, ou vontade próprias.
Resolvi refletir sobre tudo o que vivi e vivo, procurar “separar o joio do trigo”, buscar amigos fiéis, parentes próximos, colegas que pudessem me ajudar a voltar ao trabalho...
Coloquei minha memória sobre a mesa, e, como quem escolhe feijão, pus-me de alma limpa, sem rancores ou mágoas antigas, a catar os bons grãos da minha vida. Infelizmente o que consegui juntar de bom, não dá nem pra uma cozinhada...
É triste, mas, real!                      
Precisamos unir os poucos seres que ainda tem compromisso com a vida, a natureza, o próximo, aqueles que não concordam com os abusos cometidos contra a fauna e a flora, que tem amor e respeito a Deus, e acreditam no primeiro mandamento bíblico, para juntos começarmos uma cruzada: acho que ainda dá tempo de frear os desvarios, buscar recuperar o que destruímos, mudar nossos maus hábitos cotidianos e viciados. Tenho certeza, que ainda existe muito trigo, nesta terra abençoada que recebemos do Pai.
Estou convidando vocês a nos ajudar a “separar o joio do trigo”. E o que faremos do joio?
... Neste momento não sei, mas, Deus certamente, nos iluminará, para dar ao joio uma boa serventia.

Mil beijos,

Tania Pinheiro.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Driblando a melancolia...


Oi meus queridos,

Desculpem não ter escrito antes, porém, além da Tainá estar doente, a expectativa em que eu estava, aguardando a resposta da minha amiga, para quem escrevi, me “sugeriu” esperar. Na verdade, essa minha especial querida trabalha como louca, vive realmente, para ajudar os que dela precisam. A Tatá até mandou um recadinho no facebook, que ela não abriu até hoje, penso que ela nem saiba o que escrevi aqui.
Na verdade, estou um tanto melancólica, porque estacionei na vida, e pelo jeito, embaixo da placa de proibido!
A saudade de pessoas amadas, como o meu filho, meus irmãos, a Pati, a lembrança doída do cheiro de maresia, os projeto (sonhados, calculados, propostos, e, muitas vezes realizados), alguns parceiros de copo e de prosa, o silêncio, o pôr do sol e o despertar da lua em Carnaubais, tantas coisas e situações que me fazem tanta falta!
São Paulo é uma cidade fantástica, aqui é onde tudo acontece! Porém, é também um lugar que por todos os motivos que todos nós conhecemos, não se colocam cadeiras na calçada, não se namora no escurinho da praça, não se acorda no meio da noite, depois de um pesadelo, e sai-se a caminhar para esfriar a cabeça...
Ninguém da atenção ao outro. O nome dos vizinhos, a carona solidária, o lugar no ônibus para alguém mais necessitado que nós, o sorriso acompanhado de um bom dia, o por favor, com licença, muito obrigado... O ajudar um idoso a atravessar a rua, intrometer-se e separar uma briga de meninos, levar sem que nem porquê uma flor para a pessoa amada, entrar numa igreja, templo, sei lá o que, e simplesmente meditar e agradecer... São coisas que quase não se vê.
Tenho lembrado demais dos meus mortos. Falado demais dos tempos idos, e talvez até por influência do mofo da minha casa, ando revirando lembranças e dores mofadas.
Os remédios não fazem milagres, e eu, me sinto sem motivação, sem forças, sem graça para fazer planos e esperar recompensas. Me sinto velha, feia, triste, e semiacabada!
Melancólica, essa é a palavra certa, melancólica...
Mas, pasmem: Ainda sonho em voltar a trabalhar, em plantar um lindo jardim e uma horta/farmácia naturais, ver meus filhos casados, felizes, realizados... Não sei se será nesta ou na próxima passagem por aqui.
A verdade, é que somos feitos de sonhos, dúvidas, medos e espera... Alguns, de quebra, ainda somam a esta lista o “ser melancólico”!
É a vida!

 Mil beijos,
       Tania Pinheiro.