Oi meus queridos,
Finalmente, todos os que
estavam se guardando pra quando o carnaval chegasse, foliaram, descansaram,
encheram a cara, se encheram de dívidas (alguns de dúvidas), soltaram a franga,
enfim, meus amados, o ano começa na próxima segunda-feira 10 de março, com lua,
chuva, frio ou calor.
Voltamos à vida!
Tatá e eu passamos o
carnaval em casa, assistindo os desfiles das escolas a noite e praticando a
ação do desapego durante o dia, separando o que não nos serve mais (roupas,
calçados, panelas...), coisas que já não nos são úteis, mas podem ajudar a
alguém.
Aos 61 anos (nunca fui de ir
a bailes, blocos, mela-melas), desde que me entendo por gente, o carnaval
representava momentos de puro prazer e alegria. Quando solteira, Ricardo, meu
irmão, e eu colocávamos o colchão na sala, fazíamos vários tipos de petiscos,
abastecíamos a geladeira de cerveja, e ficávamos da primeira a última escola de
samba desfilar, grudados na TV. Levei o costume para o casamento, e o bom é que
meu falecido marido também não gostava das festas de rua e de salão. Ao ficar
só ganhei por vários anos a companhia da minha filha, do Ricardo (de novo), de
alguns amigos...
Dos meus 15 aos 61 anos,
venho perdendo o prazer, a alegria, o orgulho, a vontade de torcer pela minha
Mangueira do coração.
Se de um lado cresceu o luxo
das enormes alegorias, os milhões de plumas e penas de pavões e faisões, as
“modelos e manequins”, atores e jogadores, o número de componentes da bateria;
diminuíram a poesia, o samba no pé, a participação da comunidade, quase sumiram
as roupas, não só dos destaques, como também das musas, madrinhas, rainhas,
passistas, e celebridades instantâneas!
Poucos são os sambas que
tocam o coração, muitos são os enredos financiados, o troca-troca de puxadores,
mestre-sala e porta-bandeira, carnavalescos e criadores de paixão, que levam
nos olhos as lágrimas, e na boca o samba da escola do coração.
Esse ano, Tatá e eu
assistimos até o sono bater (e até que nem foi tão tarde), não havia petiscos
ou cervejinha, e foram raríssimos os momentos de emoção profunda! TRISTE.
Eu amava futebol. Sou
corinthiana de alma, porém não me lembro do último jogo que fiz questão de
assistir.
Em quase tudo na nossa vida
cotidiana, convivemos com denúncia de propinas, maracutaias, patifarias, resultados
combinados antecipadamente, que chegamos a nos sentir IDIOTAS, perdendo a noite
de sono ou a tarde de sol, sentados a frente da TV, não sei explicar
racionalmente o por quê!?!
Mas, ano novo - vida nova.
Estou pensando seriamente em retornar ao estilo antigo do blog: menos político,
mais humano! O problema é que 45 anos escrevendo e atuando em projetos
políticos, torna difícil demais perder o vício.
Mas quero voltar a conversar
com pessoas, que como eu, passam ou passaram pelo câncer, quero falar sobre
sexo durante e depois da doença, quero retornar a resgatar a alegria que existe
em mim e que adoro dividir, quero voltar a escrever bobagens, enfim festejar a
graça de estar viva, com o blog ainda funcionando (graças a minha Tatá que cada
dia está mais forte, linda, decidida a se encontrar, tocar a vida), UFA! E o
mais importante: Agradecer, agradecer e agradecer: A Deus, a vida, a muitos
amigos e parceiros que me acompanham há tanto tempo!
Decididamente, “viver é
melhor que sonhar”, mesmo em anos de pesadelos “tipo” Copa do Mundo e Eleições.
Amo vocês.
Mil beijos,
Tania Pinheiro.
3 comentários:
Tania e Tatá... serei cruel, eu sei disso, mas chega um tempo, pelo menos para mim, que tudo isso passa a ser repeteco de coisas tão banais que não nos encantam mais mesmo! Acredito que vamos nos anestesiando diante de tantas incongruências que festas ou atos cívicos já não têm a mesma importância eufórica de outros carnavais / outras eleições... Não é desesperança não ou desilusão. É a verdade estampada diante de nossos olhos. Não aceitamos trapaças (apesar de Oscar ganho...) A realidade é que subservientes protagonizamos "muitos anos de escravidão mental"...
Andemos com "fé que essa não costuma falhar".
Abraços amigas!
Oi amiga, a coisa ta preta! Parece que não adianta sonhar sequer em sair do país, já que a coisa lá fora não ta muito diferente. A sorte é que ainda temos Célias, Carlas, Tainás, e tantas outras mulheres que apesar de tudo, continuam na luta e não perdem a fé. Ah a Tatá comentou comigo, o quanto admira não só a sua cultura e sensibilidade, mas também a sua capacidade de estar antenada 25 horas por dia em 360° ao seu redor. Deus te abençoe! Pessoas como vc enriquecem nossas almas. Beijos nossos.
Oi, meninas! Voltei. Estive longe da internet porque fomos pra Minas Gerais, fugindo do Carnaval. Nem eu nem meu marido temos celular. Nem tablet. Nem netbook. Então, quando viajamos, perdemos contato com a rede. Foi bom voltar e descobrir que você é o mesmo tipo de corinthiana que eu, Tania. Do tipo que não assiste jogo e se desilude com as maracutaias futebolísticas. Vamos só ver o que acontece na Copa. Obrigada pelo carinho, suas lindas! Continuem firmes, vocês duas! Beijos!
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